Erva da Inveja
A Vinca difformis, comummente conhecida como erva-da-inveja ou pervinca, é uma espécie de planta medicinal e ornamental da família das Apocináceas. É originária da orla mediterrânica.
Há uma abonação histórica do naturalista romano Plínio, que descreve esta pervinca como uma planta sempre verde, com a qual se fazia grinaldas.
O folclore tradicional português atribuia a esta planta propriedades mágicas apotropaicas, para combater o mau-olhado, espantar fantasmas e devolver o viço aos que "se desengam de amores". Neste sentido, José Leite Vasconcellos, na sua obra «Tradições populares de Portugal», registou o costume de «Contra as feiticeiras é bom trazer uma pedra de ara, com aipo, arruda, loureiro, oliveira e herva de inveja, tudo numa saquinha», próprio da Idade Média em Portugal.
No mesmo sentido, Zófimo Consiglieri Pedroso, na sua obra «Contribuições para uma Mitologia Popular Portuguesa», corrobora esta prática das portuguesas medievais levarem consigo um saquinho contendo ervas e objetos com propriedades apotropaicas, com alusão a um processo da Inquisição de Évora, em que uma condenada trazia consigo um saco de pano negro, contendo ervas mágicas, das quais a erva-da-inveja. Na mesma toada, Gil Vicente, na sua farsa, «O auto das fadas», também faz figurar uma personagem, «a Feiticeira», munida de um "alguidarinho e saquinho de hervas", que se serve da "herva de enveja" para fins mágicos.
É possível que o nome «erva-da-inveja», se deva exatamente a esta tradição popular, que associava esta planta a práticas mágicas contra o mau-olhado.
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