Fidalga dona Branca
Num velho castelo da localidade de Currelos (que em tempos foi concelho), em Carregal do Sal, vivia feliz um casal de fidalgos. Chamava-se ela, segundo reza a História, D. Branca de Vilhena.
D. Branca estava grávida e deu à luz em altura que seu marido estava ausente. Em tempos onde os mitos eram a verdade estabelecida, ficou horrorizada por ter parido 2 rapazes gémeos: segundo se dizia então, não poderiam ser ambos filhos do mesmo homem!
D. Branca, certa de não ter tido relações com outros homens, não podia acreditar….
Tão desesperada estava que, na sua loucura, deu o gémeo mais jovem a um dos criados, pedindo-lhe que o matasse e que lhe trouxesse a sua língua como prova.
O criado, desagradado com tal tarefa, mais atrapalhado ficou quando, junto do Rio Mondego encontrou seu amo e patrão que andava à caça por esses lados. E a língua solta-se-lhe e conta-lhe a história toda.
O fidalgo, indignado, logo ali, mandou matar um dos cães e tirando-lhe a língua, entregou-a ao homem para que cumprisse a promessa. A criança foi então entregue a um moleiro da região e, desde então, tratada em segredo da mesma forma que o irmão no castelo.
Assim se passou muito tempo…
Por ocasião da festa do Espírito Santo e das grandes comemorações que se faziam por ali, mandou o fidalgo vestir ao filho criado em casa do moleiro, roupa semelhante à do gémeo, dando ordens para que comparecessem na festa.
Estando o casal fidalgo à janela, chama o marido de D. Branca a atenção da esposa para uma linda criança, igualzinha ao menino da casa. Iguais como gotas de água, extraordinária parecença!
Branca ficou D. Branca, Branca de nome e de cor… Seu marido, ao vê-la tão perturbada, ali lhe contou o que fizera há anos atrás.
E Branca não aguenta a vergonha e cai fulminada aos pés de seu esposo.
Dizem uns que tão malvada fora que entrou no Inferno imediatamente, desaparecendo o seu corpo do caixão. Outros dizia que passeia, ao longo do Mondego, junto ao local onde mandou matar o filho, acompanhada de um cão (o diabo). E há quem jure que o vento murmura por vezes “Ali vai D. Branca de Vilhena, acompanhada por quantos diabos há no Inferno”.
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