Luso

Luso é o suposto filho ou companheiro de Baco, o deus romano do vinho e do furor, a quem a mitologia romana terá atribuído a fundação da Lusitânia, as acuais terras de Portugal e da Estremadura espanhola.


História

Com a conquista da Península Ibérica pelo Império Romano, a região da Lusitânia foi convertida numa província romana, correspondendo aproximadamente à área actual de Portugal a sul do rio Douro e à província espanhola da Estremadura.

Capa de Naturalis Historia de Plínio, o Velho, a obra que terá involuntariamente sido a origem do personagem mitológico Luso

No entanto, não há registros históricos do epónimo Luso ou Lusus entre os povos locais da época, celtas e iberos. O nome latino Lusitânia ter-lhe-á sido atribuído por causa dos seus habitantes, as tribos guerreiras de lusitanos (lusitani), que formavam bandos de elementos de várias tribos para resistir ao domínio romano. De entre os seus líderes destacaram-se Viriato (assassinado em 139 a.C.) e o romano Sertório (também assassinado, em 72 a.C.) sob cujo comando os lusitanos se colocaram.


Mitologia

Actualmente pensa-se que a suposta existência do personagem mitológico Luso deriva de um erro de tradução da expressão «lusum enim Liberi patris», na obra Naturalis Historia de Plínio, o Velho. O erro terá sido a interpretação da palavra lusum ou lusus como nome próprio, em vez de um simples substantivo que significa jogo.

Numa tradução livre desta obra: «M. Varro informa-nos que (...) o nome "Lusitânia" deriva dos jogos (lusus) do Padre Baco, ou da fúria (lyssa) dos seus acólitos frenéticos, e que Pã era o governador de toda a região. Mas as tradições respeitantes a Hércules e Pirene, bem como Saturno, parecem-me absolutas fábulas.» Isto teria sido lido por André de Resende como «(...) o nome "Lusitânia" deriva de Luso do Padre (mestre ou pai) Baco (...)», e portanto foi interpretado que Luso seria um companheiro ou um filho do furioso deus. É esta a leitura que se vê na estrofe 21 do Canto III d'Os Lusíadas de Camões.


“Esta foi Lusitânia, derivada

De Luso, ou Lisa, que de Baco antigo

Filhos foram, parece, ou companheiros,

E nela então os Íncolas primeiros.”

— Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, estrofe 21 do Canto III


Segundo a mitologia romana, Baco teria sido o conquistador da região. Plutarco, segundo o 12.º livro da Ibérica do autor espanhol Sóstenes, diz que:

«Depois de Baco ter conquistado a Ibéria, deixou Pã a governar como seu representante, que deu o seu nome à região, chamando-a de Pania, que por corruptela se tornou em Hispânia.»

A expressão grega lyssa significará "fúria frenética" ou "loucura", típicas de Baco/Dioniso. No entanto, estas etimologias parecem ser pouco confiáveis.

Existe também a probabilidade, mais plausível, de que o deus Luso seja resultado interpretativo romano e que o verdadeiro deus venerado pelos lusitanos seria o deus celta Lugh, posteriormente transformado em Luso pelos romanos.


Fonte

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